terça-feira, 20 de setembro de 2016

Palestra na Matriz de Campinas - Amor Exigente

















Palestra: Pais e Filhos - Família.












CRIANÇA SE ESTRESSA? SIM!




                      CRIANÇA SE ESTRESSA? SIM!



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Fabíola Sperandio Teixeira do Couto
Pedagoga- Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais


Este é um assunto que tem me preocupado muito: bebês, crianças e adolescentes apresentando momentos de fúria e nervosíssimo. Você já havia parado para pensar que um bebê também pode se estressar?
No nosso mundo adulto, temos a ideia ou relacionamos estresse a dificuldades financeiras, a um curso que iniciamos, a obrigações familiares e acreditamos, que um bebê ou uma criança, por só dormir, brincar e ir ao berçário ou escola, não tem o menor motivo para vivenciar um estresse.
Então, o que pode estressar este ser que acabou de chegar? Crianças estão como uma antena ou radar, captando tudo ao seu redor. E ao sentir algo acontecendo no ar ou receber os cuidados necessários, como uma troca de fralda ou uma alimentação de uma maneira agitada por parte do cuidador, ela recebe toda essa energia desarmoniosa e fica incomodada. Ela devolve o que recebe.
Estamos recebendo crianças com um grau elevado de ansiedade. Não é preciso ser nenhum especialista para perceber quando uma criança está fora do grau de ansiedade além do nível da normalidade. Crianças que não sabem aguardar sua vez, que não conseguem esperar os pais terminarem uma conversa para responder-lhes, que precisam ser satisfeitas imediatamente, apresentam sinais interessantes para investigarmos. Outro fator de observação do estresse e ansiedade é quando a criança começa a queixar-se frequentemente de dores de cabeça, barriguinha que aperta, enjoos estomacais, coraçãozinho disparado, dificuldade de concentrar-se em atividades simples, que antes eram corriqueiras. Um terceiro aspecto muito importante é uma mudança de comportamento apresentando agressividade. De repente tudo irrita e gera uma ação de devolução agressiva. 
Precisamos analisar com cuidado a criança que apresenta um comportamento repentino, que beira a um ataque de nervos. Para exemplificar, narrarei um exemplo recente. Uma criança se sentiu contrariada e rejeitada pelas colegas. Não conseguiu digerir tal frustração. Sua reação foi, imediatamente, extravasar a sua raiva, descontando fisicamente na colega que ela atribuiu ser a pivô da rejeição. Com uma atitude inesperada e impulsiva, essa criança gritava e batia em sua colega de forma incontrolável. Ao tentar ser contida por um adulto, ela agrediu a adulta também. Nada freava sua ira. Afastada da cena, na tentativa de acalmá-la, ela ainda se sentia muito nervosa e com vontade de agredir. Palavras e gestos eram facilmente gerados por ela. Um vocabulário adulto e muito elaborado. Mostrava-se uma criança culta e articulada. E, para o espanto de todos, a protagonista desta cena tinha apenas 8 anos de idade.
Por que nossas crianças estão tão impulsivas, ansiosas, agressivas e desequilibradas emocionalmente? Precisamos, urgentemente, rever nossos hábitos, repensar nossas atitudes. Se somos seus espelhos, precisamos rever o que temos refletido. Está na hora de buscar mais ações e menos julgamentos e “falatórios”.
E quais são as dicas para evitar essa ansiedade e os ataques de fúrias dos nossos pequenos?  Vamos reviver a sabedoria dos nossos avós.
1-    Proporcione mais momentos ao ar livre. Saia para brincar com seu filho em parques e quintais. Não é levá-los e deixá-los lá e você, de longe, no celular. É brincar com ele.
2-    Conte mais histórias. Deite na cama com ele, no sofá, no tapete, no gramado e conte histórias com as quais ele possa “voar” no imaginário.
3-    Proporcione momentos em que possam se sujar com tinta, lama, grama. Deixe-o sentir texturas e temperaturas em seu corpinho. Tudo isso, uma boa água limpará.
4-    Organize lanches com ele, ou seja, ele o ajudando a preparar. Desperte o paladar dele com sabores saudáveis. Brinque com o momento de produzir o alimento e depois, com o prazer de degustar.
5-    Cante com o seu filho. Cante no carro, no banho, no parque. Permita que extravase através da canção. Deixe soltar a voz. Solte a voz com ele.
6-    Ria muito com seu filho. Ache graça dos desastres e da falta de jeito de ambos. Rir juntos aproxima e dá leveza.
7-    Converse com seu filho. Conversar é também ouvir. Ouça com atenção o que ele tem a dizer. Sentir-se escutado é maravilhoso.
8-    Por último, permita-se ser criança com seu filho. Permita a troca de afeto e amor. Ame seu filho como ele é e o ensine a amá-lo como você é. Menos críticas e mais ajuda mútua.
Que, com estas ações, possamos proporcionar à família menos ataques de nervos e mais ataques de saúde familiar.  


POR QUE ESTAMOS ENVOLVENDO AS CRIANÇAS NO MUNDO ADULTO?

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POR QUE ESTAMOS ENVOLVENDO AS CRIANÇAS NO MUNDO ADULTO? 

Fabíola Sperandio Teixeira do Couto
Pedagoga- Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais


Não é raro ser preciso acolher crianças e adolescente em minha sala com um aspecto bem característico de uma ansiedade ou de uma crise de medo. Basta uma conversa acolhedora que logo vão contando o que estão sentindo no campo físico e emocional.

Não estamos atentos a que as crianças estão participando de uma série de situações que de longe elas não possuem alcance em sua maturidade. Famílias que sequer possuem cuidado em separar ambientes de crianças e adultos.

Muitas vezes me remeto a lembranças da época de quando os pais recebiam visitas e os filhos tinham que ir para outro ambiente brincar. Era uma proteção instintiva ou uma sabedoria por vivência, experiência de vida. Hoje, agimos como se essa privacidade fosse desnecessária. Crianças escutam as conversas dos adultos e ainda se sentem no direito de dar palpite ou são convidadas a opinar.

Toda esta inserção antecipada está produzindo sentimentos e emoções desfavoráveis aos nossos pequenos. Crianças que escutam detalhes da separação de um parente próximo, muitas vezes passam uma noite ou parte dela em claro, pensando na possibilidade dos pais se separarem também. Crianças que presenciam conversas sobre doenças de um ente querido passam a fantasiar com a possibilidade de perder um dos pais também.

Lembro-me de que meus pais me colocavam para dormir assim que era anunciado o início do Fantástico, no domingo. Mesmo no quarto, por muitas vezes eu ouvia a notícia de um meteoro a caminho. Pronto! Era o suficiente para temer o fim do mundo, para chorar por pensar que meus pais morreriam e para morrer de medo do tema musical do programa.

Vejo mesas enormes em restaurantes com até quatro famílias reunidas e as crianças na mesma mesa, ouvindo sobre negócios, “fofocas” de adultos como traições e desrespeito, formando conceitos de relacionamentos conjugais, traições entre sócios, corrupções políticas de pessoas muito próximas, entre outros assuntos. Nem de longe estas mesmas famílias descuidadas estão percebendo que as crianças estão absorvendo todo este conteúdo e “digerindo-o” de uma forma imatura que só pode gerar insegurança na convivência com o outro.

Enquanto participam de tal cenário, as crianças entram em um círculo de pensamento construtivo, passando pela emoção e pela construção do comportamento a curto e longo prazo. O assunto fica latejante em sua mente e ela começa a elaborar aprendizados. Este movimento pode produzir uma ansiedade ou um medo enorme de se relacionar e até de crescer. Crescer significará ser inserido neste mundo apresentado nas rodas de conversas dos adultos.

Enquanto em sua solidão de pensamento, ela reelabora tudo o que ouviu, podendo ativar um conjunto de sensações físicas e emoções geradas pelos conceitos e crenças construídas. Estas emoções podem levar a uma dimensão tão incontrolável que ela passa a não conseguir ser mais forte que o medo produzido. E a sensação aliada à construção de conceitos gera uma resposta emocional de ansiedade, medo e até pânico.

Crianças pequenas têm apresentado palpitações, sudorese excessiva nas mãozinhas e pés (extremidades), dificuldade na respiração, perda de sono no meio da noite ou dificuldade para dormir e choro sem conseguir explicar o motivo.
Muitas vezes todas estas sensações estão trazendo um comportamento regressivo aos nossos pequenos: busca de colo constantemente, pedido para dormir com os pais, queixa de dores e mal-estar na escola, desistência de aulas esportivas e lúdicas, regressão com os cuidados na higiene pessoal e até alimentar.

É muito importante um despertar para os adultos sobre como estamos agindo na frente das nossas crianças. Precisamos leva-las a todos os eventos sociais? Aquela velha conversa de “onde não cabem meus filhos, não nos cabe” precisa ser repensada. “Programa de adulto é de adulto”, parece uma frase óbvia, mas precisa ser repetida muitas vezes.  As famílias precisam proporcionar momentos com as crianças em família e momentos do casal com adultos. Isso é muito sadio para a relação familiar.

É preciso rever alguns hábitos da tal modernidade. Vamos pensar nisso? 



Mamãe, eu não quero mais ser amigo do José.

Mamãe, eu não quero mais ser amigo do José.


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Fabíola Sperandio Teixeira do Couto
Pedagoga- Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais


Quantas vezes nos surpreendemos com as oscilações dos nossos filhos em suas amizades? De repente o melhor amigo já não é tão interessante, mas inesperadamente a gente escuta: “Mamãe, posso convidar o José para passar o final de semana comigo? ” “Ué, mas você não estava triste com o José ainda ontem? ” “Vai explicar”, indigna-se a mãe.

Eu não vou explicar, vou propor um pensar. Todo esse vai e volta proporciona um amadurecimento na construção social, por isso não podemos ir até “o José” para intervir a favor do nosso filho. Devemos sim fazer o nosso pequeno refletir sobre os acontecimentos que o levaram se magoar com o amigo.

Relacionar traz muito crescimento porque proporciona lidar com prazer e sofrimento ao mesmo tempo. E é assim que nossos filhos irão aprendendo que estamos inseridos em um mundo que não é totalmente bom nem totalmente ruim. E esse movimento revela as diferenças entre eu e o outro ou os outros.

Nossas crianças e adolescentes, quando fazem novas amizades, depositam uma enorme expectativa no mais novo (a) amigo (a), acredita que corresponderá exatamente aos ideais criados em sua mente. O tempo vai passando e a expectativa enorme traz grandes frustrações. E por que isso acontece? Porque buscamos o que desejamos ter no próximo (o imaginário) e não nos permitimos verdadeiramente conhecer e aceitar o outro como ele é e com o que tem a nos oferecer e nos acrescentar. Essa gangorra entre o que espero e o que recebo nos torna reais.

Um outro ponto muito importante é buscar entender o motivo do desencantamento partindo do que você conhece do seu filho e do que você vê no amigo eleito. Explico. Muitas vezes desistimos de alguém por ver nesta pessoa o que chamamos da técnica do espelho. O outro reflete o que eu tenho e é ruim e não consigo lidar com isso. Esta percepção está, no caso dos nossos pequenos, no campo do inconsciente. É como se eu dissesse com o afastamento: “Não consigo lidar comigo mesmo. ” Exemplo: uma criança possessiva que encontra uma amiga a qual também é possessiva. Ela, sendo privada de fazer novas amigas, depara com os sentimentos que o autoritarismo proporciona (privação), que é o que ela faz com as demais amiguinhas. Imediatamente, e inconscientemente afasta a amiga o que a faz pensar em suas ações parecidas.

Acontece que esse movimento é extremamente saudável para o caminhar da vida adulta. 

Quando um adulto conhece uma pessoa, ele também faz projeções e exceptivas e, este vivenciar na infância e adolescência permitirá chegar à vida adulta mais preparado e maduro. Ao apontarmos um dedo para alguém, três outros dedos apontam, automaticamente, para nós. Se determinadas “diferenças” do outro me incomodam tanto, talvez o outro não seja tão diferente de mim, não é mesmo? Daí uma excelente oportunidade de conhecer seu filho. Dialogue sobre os seus incômodos e frustrações em relação aos amigos e o conhecerá muito mais do que pensa. O que ele rejeita no outro poderá ser o que ele nega em seu ser.

Esta reflexão que proponho nos permite repensar até nos nossos papéis. Adultos também chegam à vida amorosa ou social sem perceber que muitas vezes rejeitamos o outro por nos perceber em suas atitudes. Lidar com o que não gostamos refletido no outro não é nada fácil, mas se temos consciência, poderá se tornar terapêutico. E esse movimento consciente permitirá assumir nossos pontos de vistas, sermos integrais assumindo quem somos, não culpabilizar o outro por refletir o que nos incomoda, mas nos voltarmos para dentro de nós e evoluirmos.

Precisamos ajudar os nossos pequenos a entenderem que não precisam deixar de ser eles para estar ao lado de quem escolheu como amigo. Desta forma, o amigo não precisará de ser ele para estar com seu filho. Precisamos desenvolver o conceito de que estou para você, amigo, assim como você está para mim e, juntos, estamos para os outros. Agora imagina quão tamanha riqueza será desenvolvida com este diálogo maduro se agirmos assim, não é mesmo?

Aqui peço uma reflexão diante do que tenho presenciado nos inúmeros lugares que frequento: família, igreja, escola, clube, condomínio, etc. Pais que, basta os filhos reclamarem de um amiguinho, já tomam as dores, rejeitam o amigo e aconselham a arrumar outro: “Filho olha o tanto de crianças que tem aqui. Você não precisa deste amigo que não quer brincar ou fazer o que você deseja. ” Será que não está perdendo uma grande chance de preparar melhor esta criança para vida adulta e tudo o que esta vida envolve? É isso que quero mesmo para o meu filho, uma criança que descarta tudo que mexe com o que ela tem de bom ou ruim dentro de si? E cadê o diálogo? Não desperdicei desta forma uma possibilidade de desenvolver uma relação mais inteira? E para aguçar ainda mais o seu pensar, quero dizer que uma ação impulsiva e de enxergar só o outro e não encarar o seu filho tirará uma grande possibilidade de você conhecer a sua cria. Bom, espero que tenha feito você pensar um pouquinho que neste mundo atual, onde buscamos culpados e desejos satisfeitos você, na verdade, busque uma relação mais inteira com a sua criança, permitindo que ela cresça e você também evolua no seu papel de uma paternidade responsável.