quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

EROTIZAÇÃO INFANTIL: O QUE ESTAMOS OFERECENDO AOS NOSSOS FILHOS?




EROTIZAÇÃO INFANTIL: O QUE ESTAMOS OFERECENDO AOS NOSSOS FILHOS?





Fabíola Sperandio Teixeira do Couto
Pedagoga- Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais

     A erotização apresentada pela mídia tem trazido precocidade para o processo de descoberta da sexualidade. Precisamos dar uma parada para pensar sobre o que nossos filhos estão assistindo e ouvindo. Hoje, quase não encontramos famílias que se preocupam com o que estão oferecendo para nossas crianças. Não selecionam músicas ou programas, até pela falta de tempo. Dessa forma, nossos pequenos estão expostos a um linguajar e a modelos bem distantes da faixa etárias deles.
    Como são movidos por exemplos, repetem comportamentos de adultos e não é raro encontrar crianças cantando músicas seguidas de danças erotizadas. É claro que uma criança tem a sua pureza, mas não é assexuada. Porém, a forma de apresentar a sua sexualidade é que tem trazido preocupações e espanto. A sexualidade tem uma evolução natural. Freud já destacava isso: fase oral, anal, fálica, latência e genital.
    A criança brincar com o corpo, uma brincadeira que leva ao toque e a sensações, parece inaceitável para os pais. Um reforço ao pensamento da assexualidade dos filhos. Encontrar um filho se masturbando, para muitos, é um choque. E para piorar, muitas vezes nos deparamos com famílias criando historinhas recheadas de inverdades sobre as curiosidades dos filhos de como um bebê é gerado.
    Sabendo que existe um instinto natural que, ao amadurecer, a criança vai percorrendo pelas fases que Freud tanto estudou e nos presenteou com seu saber, promover o acesso a filmes, vídeos, clipes, músicas e diálogos que podem remeter a criança a uma fase para a qual ainda não possui amadurecimento. Por exemplo: ao cantar e dançar uma música que fala de sexo e a dança é erótica e sensual, ela fará por imitação, mas ao entender o significado, se sentirá desperta pela atração que conseguiu obter dos que assistem a ela. Dessa forma, começará a prestar mais atenção às atitudes dos adultos do que às das crianças e adolescentes de sua faixa etária. Sem dúvida nenhuma, isso gerará um grande prejuízo à formação da mesma.
    Para entender ainda mais as fases e procurar não as antecipar, vamos relembrar os ensinamentos de FREUD:
* 0 a 1 ano – Fase Oral – A boca é o centro da atenção. É o que o faz ter contato com o mundo. O aprendizado se dá com a experiência de ser saciado pelo seio da mãe, gerando uma enorme sensação de bem-estar. Por buscar este prazer, o bebê leva tudo à boca.
* 2 a 4 anos – Fase Anal – Descobrindo que é possível controlar o esfíncter, o ânus passa a ser uma região de satisfação. Encara as fezes como um presente que vem de dentro para a mamãe que, muitas vezes, faz festa pelo feito. Pode ocorrer também de a criança se tornar irritada e até agressiva porque, ao realizar a evacuação, passará por uma higiene, levando-a a perceber a necessidade de cuidados, muitas vezes, gerando impaciência e rejeição.
* 4 a 6 anos – Região Genital – Chega aí a descoberta das diferenças anatômicas dos sexos através das genitálias. As fantasias chegam a respeito dessas diferenças. As crianças acreditam que as meninas passaram por uma castração por não possuírem pênis. Período em que a criança se aproxima da mãe e entra em um processo de concorrência com o pai. Já a menina passa pelo processo inverso: aproxima-se do pai e entra em processo de crítica e afastamento da mãe.
* 6 a 11 anos – Latência – Uma volta às atividades socialmente aceitas e atividades escolares. Um período do clube dos “Bolinhas” e das “Luluzinhas”.
* A partir dos 11 anos – Fase Genital – Retorno às sensações e aos impulsos sexuais. Desperta para o sexo oposto fora do vínculo familiar. Interessa-se por um objeto de amor. Na busca da identidade, sofre o luto da perda da infância.
    Sabendo desse percorrer do amadurecimento, devemos ficar bem atentos a nossos filhos e procurar ajudá-los a experimentar cada fase de forma sadia, sem sofrimento e sem precocidade. Dependendo de como agimos, podemos gerar um conflito de sentimentos e até um excesso de atenção à sexualidade além do que é natural.


quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

TERAPIA DO BOM HUMOR PARA CRIANÇAS

Terapia do bom humor para crianças








Fabíola Sperandio Teixeira do Couto
Pedagoga- Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais



Nós nos derretemos com os primeiros reflexos das crianças que esboçam sorrisos. Assim que o bebê faz movimentos faciais, já abrimos um largo sorriso de alegria e uma onda de amor desce do fio da cabeça aos nossos pés. Naquele momento, aprendemos que o riso é um verdadeiro remédio, gerando um bem-estar imediato.

Por que muitas vezes nos esquecemos disso? O que acontece conosco que deixamos de promover ondas de gargalhadas com as nossas crianças?

Muitas vezes nos deparamos com famílias mal-humoradas: do pai ao bebê. Todos carrancudos e com uma grande fenda na testa, entre os olhos, características de pessoas preocupadas, enfezadas e mau- humoradas.

Acontece que é durante a infância que precisamos promover uma enxurrada de risos em nossas crianças, até porque elas possuem facilidade para sorrirem e gargalharem por motivos até tolos. Crianças felizes e risonhas adoecem menos, sabiam? Então, precisamos parar para pensar sobre a necessidade de cultivar o bom humor em nossas vidas e na vida da nossa família.

O humor sadio, sem ser ácido e maldoso. O humor que não denigre o outro. O humor inteligente e generoso. O humor que nos faz bem e bem ao outro. Não o humor que promove humilhação, que faz rir da criança. Isso afetará a sua autoimagem e autoestima. Rir dos erros cometidos pela criança, jamais! Deparou-se com um erro? Chame-o para conversar, procure ouvir o que ele pensa sobre. Depois ajude-o a resolver e mostre que para tudo tem um lado divertido, para que não se culpe em excesso ou se puna.

Da mesma forma que as regras disciplinares, a religião, a educação familiar, a manutenção do amor e o respeito às gerações, os princípios e valores, o bom humor se faz necessário na relação com nossos filhos.

A quanto tempo você não programa um passeio de diversão familiar?  Qual foi a última “guerra“ de almofadas ocorridas em sua casa? Você já acampou dentro de casa com seus filhos (a velha barraquinha de lençóis)? Quando ocorreu a última “contação” de histórias?  Algum dia você se vestiu engraçado para surpreender a prole?

Relacionar-se com dedicação de tempo às diversões com os filhos tira a tensão rotineira e os deixa mais cortês. Este exercício permite encarar a vida, enfrentando os problemas do tamanho que eles são, sem exageros e vitimização. Permitir rir de si mesmo ensina a lidar com erros e transformá-los em aprendizado.

O riso é contagiante. Ele aproxima as pessoas, aumenta a imunidade, promove liberação de endorfinas e transmissores químicos que geram bem-estar ao cérebro, dá uma sensação de leveza e felicidade.

As crianças se entregam facilmente a este ambiente leve de sorrisos, brincadeiras e ações bem-humoradas. E o que acontece entre a fase do bebê e a infância que parece que deixamos de ser “palhaços divertidos” dos nossos filhos? Acredito que a responsabilidade e as nossas cobranças internas referentes à criação, sem que percebamos, vão gerando obrigações, rotinas e cobranças às nossas crianças, dando uma dureza sem necessidade. Posso ser um pai amoroso e divertido sem deixar de impor regras e fazer cobranças das obrigações. Ser bem-humorado com os nossos filhos não os levará a nos ver como autoridades.

Muitas vezes levamos nossa postura de profissional para o nosso lar e nos tornamos chefes em vez de gestores familiares. Geramos tensões e estresse sendo pais que corrigem sem levar os nossos filhos a pensar sobre as suas ações e crescerem. Muitas vezes promovemos a obediência pela obediência.

Para termos filhos bem-humorados, precisamos dar exemplo. Alegria e bom humor ajuda muita na educação das nossas crianças. Se somos imitados por nossos filhos, vejamos neles o nosso reflexo. Como estão seus filhos: alegres e sorridentes ou tensos e estressados?

Sem falar que os vínculos construídos na relação harmoniosa são duradouros e fortalecidos a cada dia. Dá prazer estar ao lado de pais que promovem diversão. Pais divertidos e alegres são mais buscados pelos filhos, como companhia, que pais que julgam, apontam e são austeros.


Vamos buscar a promoção de um lar onde todos os membros da família consigam, através da leveza que o humor nos traz, enxergar a vida como ela é. Ver a vida com toda a sua realidade é encará-la, criar estratégias para crescer e lutar para o mundo melhor.


quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

DEPRESSÃO INFANTIL: PRESENÇA EM NOSSO COTIDIANO

DEPRESSÃO INFANTIL: PRESENÇA EM NOSSO COTIDIANO




Fabíola Sperandio Teixeira do Couto
Pedagoga- Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais

Muito tem se falado sobre depressão em razão da vida que temos levado. Frases como: “Nunca fomos tão tristes”; “Depressão, o mal do século”; “O segmento farmacêutico está lucrando com ansiolíticos e antidepressivos” estão cada vez mais frequentes nas rodas de conversas. Mas afinal, estamos refletindo que um adulto, ao enfrentar esse problema, pode ter carregado elementos do mundo infantil? Que ele, de repente, não ficou deprimido com a rotina adulta, mas que sempre foi deprimido?
Precisamos voltar os olhos para os nossos pequenos e identificar alguns sinais:
1- Quais as escolhas que seu filho tem feito na hora de assistir a desenhos ou filmes? Os cheios de ação e movimento ou os mais fantasiosos e emotivos?
2- Que tipo de literatura (historinhas) o atrai? Histórias nas quais o personagem é uma vítima sofrida, que vivencia rejeição e desamor?
3- Mesmo com a casa cheia, o seu filho se isola com algum brinquedo ou interage? Mostra-se integrado ou com sentimento de não pertencimento? 
4- Suas narrativas apresentam muitos pensamentos mágicos de transformação, incluindo a solicitação de mais presença de algum membro da família? Exemplo: se eu pudesse, o papai não viajaria mais!
5- Traz sentimento de se sentir diferente dos amigos da escola, esporte, grupos do condomínio ou da rua? Acha que não é querido?
6- Conta sofrimentos de colegas sempre carregados de injustiça e crueldades juvenis? 
7- Rói unha, fere-se com cortes ou aparece com roxos pelo corpo, marcas típicas de autopunição?
8- Possui pensamentos negativos sobre os desafios escolares, esportivos e festividades familiares?
9- Observa a relação dos pais com as outras crianças com ar de desconfiança e ciúme, e depois recua dos mesmos, rejeitando afagos e carinhos?
10- Não é convidado para eventos dos amiguinhos e sempre acha uma justificativa?
11- Tem baixa autoestima, sempre falando de si com descrédito ou falsa autoestima, exagerando em seus predicados, mostrando-se claramente uma defesa?
Esses são sinais e não regras para atestar uma tristeza ou depressão. Sinais são oportunidades para que possamos dialogar e ajudar nossos filhos. Nenhum adolescente que demonstra desamor à vida desenvolveu esse sentimento da noite para o dia. Os altos índices de problemas psiquiátricos em adolescentes e adultos geralmente incluem situações oriundas da infância.
Dialogar com os nossos filhos significa dar abertura para ouvi-los, entender a sua dor, sem julgamento e apontamento. É permitir que ele se abra e trabalhe a sua dor, os seus receios e as suas “neuras”. Às vezes, a simples chegada de mais um membro da família pode desencadear uma insegurança seguida de tristeza. Pais cuidadosos, ao perceberem, precisam conversar com seu filho e gerar um ambiente seguro de amor e cumplicidade. Considerar a dor do outro, sem banalizá-la, é o primeiro passo para o conforto e a retomada dos sentimentos construtivos. Não podemos esperar de uma criança o que muitos adultos não conseguem fazer: refletir sobre a dor interna, compreendê-la e traçar estratégias para superá-las.
Um erro muito recorrente que encontro como terapeuta familiar são pais de filhos estudiosos e “aparentemente bem-sucedidos” na escola e demais aulas extras que ignorarem o pedido de socorro emocional. Ter excelentes notas e sucesso no ballet ou judô, por exemplo, não significa que a carga não pode estar pesada demais para ele/ ela. Muitas vezes o esforço de ser modelo e agradar traz uma carga emocional muito sofrida e pesada para administrar. Você já perguntou ao seu filho se ele é feliz com as suas escolhas? Se está bem com a sua rotina? Se ele mostrar-se arrependido por uma escolha ou que está pesado demais, negocie. Não ensine a abandonar. Administre a rotina e coloque data para concluir, como o término de um semestre, por exemplo. Só de ele saber que pode negociar, se sentirá ouvido e poderá até, após o alívio da obrigatoriedade, desistir de desistir.
Quais valores você tem trabalhado com sua prole? Frequentar a família, ter religião, passeios em harmonia familiar, desenvolver o respeito à hierarquia familiar, fazer visitas, gerar sentimentos de generosidade e doação também ajudarão seus filhos a possuírem sentido à vida. Precisamos mostrar que o mundo é muito além do egoísmo que temos permitido em nossos lares.
Fiquem de olho!


segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

ATRASO NA FALA E FALA INFANTILIZADA



ATRASO NA FALA E FALA INFANTILIZADA

Fabíola Sperandio Teixeira do Couto
Pedagoga- Psicopedagoga
Terapeuta de Família e Casais

   É bem comum encontrar as famílias assustadas quando percebem que sua criança está demorando para falar ou prolonga uma fala infantilizada. Vou começar refletindo sobre como lidamos com as situações. Primeiro em relação à fala atrasada. Você tem conversado com o seu bebê? Estimula barulhos e expressões? Saiba que a motivação da criança vem dos seus cuidadores. Um lar silencioso, uma relação “muda” não estimulará a criança a falar ou balbuciar. Esse exercício de conversar com a criança diariamente a permitirá, incialmente por imitação, a ousar em tentativas de fala.
   
   Converse com seu bebê durante a rotina diária: hora do banho, troca de fraldas, momento de amamentação. Nesses momentos, pronuncie corretamente as palavras, de maneira natural, com tom de voz que atraia a atenção e capriche na expressão facial. Ressalto a necessidade de uma pronuncia correta para a criança, ela precisa de exemplo. Ao ouvir os balbucios e as vocalizações, olhe no olhinho dela com doçura e amor. Ela se comunicará com você e receberá como mensagem que está agradando (reforço positivo).
   
   Faça festa! Criança gosta de movimento e barulhos agradáveis. Isso demonstrará o seu interesse pelo avança dela. Quando pegar algum objeto, mostre a ela e diga o nome correto do objeto. Introduza os nomes entre um “bate-papo e outro”.  Dá mesma forma, introduza o nome dos familiares: olha a Dindinha chegando! Veja o papai! Joana está aqui! As ações também poderão ser introduzidas enquanto você realiza o fazer diário: vamos BRINCAR! Hora de TOMAR banho! PEGUE a bola! 
Abuse das músicas infantis. Elas fornecem elementos para a ampliação do vocabulário e agradam pela sonorização. Aos poucos, vá introduzindo os livros infantis. Deixe-a folhear com você e aponte as imagens, nomeando. Vá enriquecendo a imaginação e o vocabulário dela com a riqueza dos livros. Apresente as novidades sempre que saírem para passear. Antes mesmo de saírem, vá contando o que irão encontrar. Será um gostoso exercício para vocês.

   Estimule o pensar com perguntas. Faça muitas perguntas, mas permita a manifestção da criança. Não pergunte e responda. Perguntar estimulará o pensar e a linguagem. Escute com muita atenção. Não faça cara de não entender. Procure mostrar que está entendendo e estimule falar mais para que, de verdade, você a compreenda. Deixe-a formar a frase sozinha. Nada de pressa. Não complete a frase por ela. Tenha paciência e saiba esperar o tempo da criança. Sua ansiedade não pode passar para ela. Cada criança terá o seu momento. Só a compare com ela mesma, entendeu? 
   
   E quanto à fala infantilizada? A criança procura exemplo. Se ela manifesta uma fala infantil para a idade dela, provavelmente, alguém está sendo infantil com ela. Se sua criança falou uma palavra errada, não a repita. Fale a palavra correta. Exemplo: “Pepeta, mamãe!” “Não é pepeta, filha, é chupeta.” Percebe que temos 2X1. Isso mesmo! Duas palavras erradas contra uma certa. Qual palavra tem mais chance de ficar gravada na cabecinha dela?
  
    Advinhar o que a criança quer falar, atrasa a fala. Falará para quê se tem quem fala por ela? Conversar como um bebê com a criança a infantliza. Crescer para quê se está claro que a mamãe ou o papai quer um bebê? 
   
   Amamos tanto essa fase incial que não percebemos que nossas atitudes acabam sendo egoístas com os nossos filhos. Vê-los falar errado agrada tanto os ouvidos que reforçamos só para o nosso prazer. Saibamos aproveitar o momento da audição da primeira fala errada e imediatamente promover o crescimento dos nossos filhos. Sem antecipar nada, apenas sendo bons exemplos.